As chamas da revolta ardem mais uma vez no Irã. Mas desta vez, parece diferente. Uma revolução está em curso, uma revolução feminista. As primeiras faíscas da revolução começaram em Saghez do Curdistão, a cidade natal de Mahsa Amini. Ela era uma jovem curda de 22 anos que foi espancada até a morte pela polícia por usar o Hijab, o véu, de forma imprópria, no dia 16 de setembro de 2022. Mahsa era mais conhecida como Zhina entre amigys e familiares. Na língua curda, Zhina significa vida. A República Islâmica do Irã extinguiu sua vida e inúmeras outras como sacrifícios aos altares do Patriarcado, da Religião, do Racismo e do Capitalismo. As primeiras centelhas da rebelião iniciadas com os cantos “Jin, Jiyan, Azadi”, “Mulher, Vida, Liberdade” são agora uma revolução que se espalha por todas as 31 províncias e centenas de cidades. Mesmo os bastiões ideológicos do regime, Qom e Mashhad, se rebelaram. Pela primeira vez, a polícia é o alvo direto da ira do povo. Policiais foram expulsos, espancados e mortos. Viaturas da polícia foram viradas, queimadas e destruídas. Delegacias de polícia foram tomadas e incendiadas. As pessoas não têm mais medo deles. A revolução está dando frutos. Oshnavieh é a primeira cidade libertada e sob controle total da população em 24 de setembro. Estamos a apenas um passo de derrubar o culto da morte que é a República Islâmica do Irã. Resta saber se daremos esse passo final. Mas, o povo do Irã já provou que não deve ser subestimado.